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domingo, 7 de outubro de 2012

UM OLHAR RETROSPECTIVO SOBRE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE



UM OLHAR RETROSPECTIVO SOBRE

SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE


                                                                                                      Antonio Nogueira da Nóbrega


 Recuando ao longínquo ano de 1691, vamos deparar com o sargento-mor Antônio José da Cunha, morador na capitania de Pernambuco, à frente de um grupo de escravos e índios domesticados, embrenhando-se pelos sertões paraibanos com o objetivo de descobrir terras onde pudesse acomodar seus gados. Subindo o Piranhas, descobriu ele um afluente desse rio, chamado riacho Peixe, em cujas margens habitavam os Icó-pequenos, os primitivos habitantes da região.    
Depois de conquistar a amizade dos índios, Antônio José da Cunha estabeleceu-se com a sua fazenda de criação (com mais de 1.500 cabeças de gado vacum e cavalar), às margens do rio do Peixe, nas proximidades do local onde agora se ergue a cidade de São João do Rio do Peixe. 
Em 1708, no governo provincial de João da Maia da Gama, Antônio José da Cunha, sob a alegação de que há 17 anos sem contradição de terceiros, vinha povoando essas terras, requereu-as e obteve a sua posse, cuja concessão, datada de 29 de novembro do mesmo ano, recebeu o número 80.
No ano de 1752, ao que consta, o local onde hoje se acha a cidade de São João do Rio do Peixe já era conhecido por São João, quando então pertencia ao Sr. João Manuel Dantas. É certo que, em 1765, essa fazenda já não mais pertencia a esse senhor, mas sim ao capitão-mor João Dantas Rothea, morador no distrito de Piancó, PB.
Com o correr dos anos, a essa primitiva denominação – que resultou de uma homenagem do fundador da fazenda ao santo de sua devoção – acrescentou-se o nome do rio que banha a localidade, a qual passou a chamar-se São João do Rio do Peixe. Antes, porém, foi conhecida pelos nomes de São João de Sousa e São João da Vila Nova de Sousa, respectivamente, em virtude de pertencer a esta vila de então. Entretanto, esse nome de batismo, com o qual a localidade, sob as bênçãos de São João Batista, foi fazenda, povoado, distrito e vila, perdurou até o início da década de 1930, quando, por força do Decreto Municipal n°. 50, de 26/05/1932, confirmado pelo Decreto Estadual nº 284, de 03/06 do mesmo ano, foi mudado para Antenor Navarro. Tal fato se deu em virtude do Sr. Natércio Maia, prefeito de então, entender de prestar uma homenagem à memória do Interventor Federal desse nome, morto no dia 26/04/1932, num desastre aéreo nas costas da Bahia.
Felizmente, a 05/10/1989, por ocasião da promulgação da nova Constituição do Estado da Paraíba, a povoação, depois de 57 anos, recuperou sua antiga e histórica denominação: São João do Rio do Peixe, graças a uma proposição apresentada pelo deputado estadual, por nosso município, Dr. José Aldemir Meireles de Almeida.     
Acredita-se que, por volta do último quartel do século XVIII, João Dantas Rothea tenha feito a doação de um terreno onde o Padre Ignácio da Cunha Siqueira ergueu uma capela consagrada à invocação de Nossa Senhora do Rosário. Nessa capelinha tosca, de taipa, o Padre Ignácio de Sousa Rolim – o fundador da cidade de Cajazeiras – submeteu-se ao batismo no dia 08/09/1800.
O tempo foi passando. Pouco a pouco, novas moradias foram surgindo em torno do velho oratório. Aos antigos moradores do lugar, foram-se juntando outros, mais outros e outros mais. Preocupado com o crescimento da população, o Padre José Gonçalves Dantas, devotado à causa de Deus, chamou a si a tarefa de erguer um templo capaz de comportar todos os fiéis da Virgem do Rosário, iniciando a sua construção em 1855. A nova capela, igualmente consagrada à invocação de Nossa Senhora do Rosário, recebeu foros de Igreja-Matriz por força da Lei provincial nº 96, de 28/11/1863, ano da conclusão de seus trabalhos. Pela mesma lei, a freguesia, com o nome de Nossa Senhora do Rosário, libertou-se da de Nossa Senhora dos Remédios, do município de Sousa. Data daí, naturalmente, a criação do distrito, com a denominação de São João do Rio do Peixe, subordinado ao município de Sousa. Assim, lentamente, foi se formando a povoação. Tempos depois, no dia 8 de outubro de 1881, a Lei provincial nº 727, dessa data, concedeu-lhe foros de vila, tendo sido o seu território desmembrado do município de Sousa, dando-se a sua instalação em 26/02/1882. É bom lembrar que não se deve confundir a fundação de um município com a sua emancipação política. A primeira diz respeito ao lançamento dos primeiros fundamentos da cidade; a segunda, à sua libertação do município que lhe deu origem. Portanto, o que se comemora, no dia 8 de outubro de cada ano, é a emancipação política de São João do Rio do Peixe, ou seja, a sua libertação do município de Sousa, e não a sua fundação.
De ordem do governo da província da Paraíba, realizam-se eleições em 10/09/1882, para a escolha dos primeiros vereadores de São João do Rio do Peixe, tendo sido eleitos: Manuel Vicente Correia de Sá (presidente), Antônio Soares de Oliveira, Bento Joaquim Breckenfeld, Antônio Gonçalves de Jesus, Esperidião Ribeiro Maciel, Carlos José de Santana e Antônio Vieira de Paulo.
Depois, muito tempo depois, com base na Lei Orgânica federal nº 311, de 02/03/1938, o Decreto-lei estadual nº 1.010, de 30/03/1938, que fixou o novo quadro territorial do Estado da Paraíba,  concedeu foros de cidade à sede do município. Já a comarca, abrangendo um único termo, foi criada por força do Decreto-lei nº 39, de 10/04/1940, desmembrada da de Sousa, tendo sido instalada por Dr. Francisco Vaz Carneiro, que foi seu primeiro juiz de direito.
Como se vê, São João do Rio do Peixe – uma das mais antigas povoações do oeste paraibano – nasceu e floresceu em terras da antiga fazenda São João, pertencente ao capitão-mor João Dantas Rothea, doador de um terreno onde o Padre Ignácio da Cunha Siqueira ergueu uma capela consagrada à invocação de Nossa Senhora do Rosário. Por isso, esse senhor é considerado, com muita justiça, o fundador da cidade.



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A CAPELA DE SÃO FRANCISCO DAS CHAGAS










A CAPELA DE SÃO FRANCISCO DAS CHAGAS,
    um pouco de sua história
Antonio Nogueira da Nóbrega

  
 A Capela de São Francisco das Chagas foi construída no início da década de 1940, no local do antigo  Cemitério Público Jerusalém. Localiza-se o templo dentro de um pomar, com frondosas árvores e roseiras, sendo protegido por um muro baixo, com pilares atarracados e balaústres. Em 1941, tem início a sua construção, mas a morte do Padre Joaquim Cirilo da Sá, seu idealizador, ocorrida a 13 de novembro do mesmo ano, acarreta a paralisação da obra, que só foi reiniciada dois anos depois. Entretanto, a generosidade da comunidade – associando-se à iniciativa do falecido sacerdote – através de doações e esmolas, foi o que possibilitou a conclusão do templo no ano de 1944. Por volta dos anos 50, a capela passou por  reformas, tendo sido ampliada para atender à crescente demanda dos devotos de São Francisco. Mestre Moisés foi o pedreiro responsável pela execução da obra, que lhe deu a aparência que possui atualmente (fora o Centro de Treinamento de Pastorais, Padre Antônio Fernandes Queiroga, inaugurado a 25/09/1999).
  
   Digno de nota foi o amor com que as mulheres da comunidade, sem medirem dificuldades, empenharam-se no laborioso trabalho da construção da capela, transportando telhas e tijolos para a sua edificação. (Dados colhidos de José Pires Maia,  conhecido como Pola).
      A fachada da capela é simples, tendo apenas uma torre, que é sineira, com alguns adornos, e encimada por uma cruz. Possui um portão de entrada e cinco portas laterais. Dispõe ainda, de quatro janelas, sendo duas de cada lado.
      O interior do templo é simples, mas harmonioso, com um altar-mor e dois laterais. Acima do altar-mor, fica um nicho que guarda a imagem de São Francisco das Chagas.
     Com o mesmo brilhantismo da festa da Padroeira da cidade, embora reunindo maior número de devotos, comemora-se a festa de São Francisco das Chagas no dia 4 de outubro de cada ano, conservando-se o mesmo brilho e o mesmo entusiasmo e a mesma fé dos primeiros tempos.
      Nesse dia, as ruas da cidade se povoam, quando para aqui convergem os habitantes das fazendas, dos distritos e dos municípios circunvizinhos, para, numa só massa humana, unidos pela força da fé, homenagearem o venerável São Francisco das Chagas. Pela manhã, é celebrada uma missa, na Igreja Matriz, havendo, logo depois, um leilão concorridíssimo, no Centro de Treinamento de Pastorais, Padre Antônio Fernandes Queiroga. À tarde, contando com o acompanhamento de milhares de pessoas, realiza-se a bela e tradicional procissão, percorrendo as principais artérias da cidade, indo terminar na Capela de São Francisco, o santo homenageado, onde é celebrada uma missa. À noite, para encerrar os festejos, realiza-se um baile, no Navarrense Clube, que se prolonga madrugada adentro.

       A 29/05/1957, por ocasião das missões que realizavam na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, os padres Miguel e José ergueram, em frente da capela, um cruzeiro de madeira, com pedestal de alvenaria, encimado por um gracioso galo de metal, indicador dos ventos.
      Tempos depois, ao lado da capela, foi construído o Centro de Treinamento de Pastorais, Padre Antônio Fernandes Queiroga, inaugurado a 25/09/1999. Já no dia 17/2/2005, foi colocado, no jardim da capela, localizado no pátio, o busto do Padre Joaquim Cirilo de Sá.  
   Esta praça (foto à esquera) fica defronte da capela e foi construída no ano de l991 por Abel Dantas de Medeiros, prefeito à época, a qual passou por algumas reformas, em outras gestões, inclusive o  cruzeiro, que hoje é de ferro.                                                
   







      E, no dia 28/09/2006, foi erigida a estátua de São Francisco, na praça que tem seu nome.












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UM OLHAR SOBRE SÃO JOÃO DE ONTEM