Páginas

quinta-feira, 14 de março de 2013

O RIO DO PEIXE





O RIO DO PEIXE


                                                          
                                                                                   Antonio Nogueira da Nóbrega



               Os rios, ao longo da história, têm exercido um importante papel na vida do homem, quer como fontes de alimentos, quer como centros de atração e concentração de grupos humanos. Mas, não é só isso. Os rios, ­muitas vezes, são indispensáveis à agricultura, pois não só possibilitam a irrigação, mas, também, trazem, com suas cheias, o limo que fertiliza as terras marginais. Além disso, fornecem água tanto para o consumo doméstico quanto animal.
São João do Rio do Peixe tem seu território banhado por diversos cursos d'água, dentro os quais se destacam os rios do Peixe, Cacaré e Santo Antônio. O primeiro - que é o mais importante deles - drena a bacia hidrográfica que tem seu nome, a qual abrange áreas dos municípios de Uiraúna, Triunfo, Santa Helena, São João do Rio do Peixe, Bom Jesus, Cajazeiras, Cachoeira dos Índios, Sousa, Lastro e Santa Cruz, todos no Estado da Paraíba.
                Descoberto pelo sargento-mar Antônio José da Cunha, no ano de 1691, o rio do Peixe foi o grande responsável pela ocupação e exploração da ribeira que leva seu nome. Nasce na serra de Luís Gomes, no vizinho Estado do Rio Grande do Norte. Fazendo volta a cada passo, atravessa quase todo o município de São João do Rio do Peixe. Depois de um curso de mais ou menos cem quilômetros, o Peixe junta-se ao Piranhas, outro rio também temporário, que deságua no açude Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves (com capacidade para dois bilhões de metros cúbicos de água), localizado no Estado do Rio Grande do Norte, de onde sai para ir lançar-se no Atlântico.
            Descendo dos divisores de águas da serra em que nasce, o rio do Peixe serpeia por extensas várzeas e banha os municípios de Uiraúna, Triunfo, São João do Rio do Peixe e Sousa. Corre primeiramente no sentido norte-sul, até alcançar o açude de Pilões (com capacidade para treze milhões de metros cúbicos de água), localizado nos  municípios de Triunfo e São João do Rio do Peixe. Depois de lançar-se por sobre a barragem (de 150m de extensão) desse reservatório, mantém a direção inicial por dois quilômetros abaixo. A essa altura, dirige-se para o sudeste e, logo após, para o leste, direção que conserva até atingir o distrito de Aparecida. Aí, volta-se para o sul, corre três quilômetros nesse rumo e vai alcançar o Piranhas, onde desemboca. Isso se dá no lugar Acauã, no município de Sousa.
            Entre seus afluentes, destacam-se, pela margem direita, os riachos Fundão, com seus tributários Tanques, Bolandeira, Condado (originários do município de Uiraúna); e Poço da Pedra (nascido no município de Santa Helena). Depois vêm os rios Cacaré e Santo Antônio. O primeiro nasce no município de Cachoeira dos Índios; o segundo, no de Cajazeiras. Pela margem esquerda, citam-se, entre outros, os riachos Morto, com seus afluentes Exu, Carneiros e Arrojado (oriundos do município de Uiraúna); Cajazeirinha, com seus tributários Juá e Capoeiras (nascidos no município de Triunfo). Em seguida, vêm os riachos Olho D'água e Engenho Novo. Um nascido nos sítios Veneza e Bálsamos; outro, no lugar Bandarra (São João do Rio do Peixe). No município de Sousa, o rio do Peixe recebe, entre outros afluentes, os riachos dos Nogueira, Recanto, Santa Rosa, Chabocão, Pereiros, Riachão, Cupim e Picada.
            O Peixe é um rio raso e estreito, mas caudaloso quando transborda. Nos períodos invernosos, quando as grandes chuvas caem nas suas cabeceiras, ele se atira fora do leito, devastando tudo, causando prejuízos enormes. Invade a cidade de São João do Rio do Peixe, inundando casas, expulsando seus moradores, causando o desabrigo, espalhando o medo. Na zona rural, o drama não é diferente: plantações e animais são arrastados pela correnteza furiosa que avança pelos baixios marginais, cobrindo tudo, deixando atrás de si as marcas da destruição. Essas mesmas cenas vão se repetir não só na cidade de Sousa, mas também nas demais localidades ribeirinhas. Apesar de tudo isso, muita gente ainda se diverte, pulando da Ponte Dom Moisés Coelho, que vira ponto de atração para banhistas e curiosos. (Veja vídeos).
             Até 1986, ano da construção do açude de Lagoa do Arroz (com capacidade para pouco mais de 80 milhões de metros cúbicos de água), o rio do Peixe só corria com chuvas de inverno. No resto do ano, com exceção de alguns poços profundos, exibia seu leito coberto de areia, cascalho e pedras de todos os tamanhos e formas. No entanto, a partir de 1987, as águas passaram a correr, de inverno a verão, pelo trecho que vai da foz do rio Cacaré, até a confluência do rio do Peixe com o Piranhas.
               Entretanto, hoje o rio do Peixe - às vistas de nossos insensíveis governantes - corre quase o ano todo (quando os invernos são normais) por terras planas e férteis, mas, em sua grande maioria, cobertas de mato, sem produzirem quase nada. Caso houvesse maior interesse por parte dos governos, em promoverem a irrigação das terras situadas às margens do rio do Peixe, a região por ele banhada poderia se transformar no maior celeiro do Estado, e, assim, erradicar a fome e a miséria que grassam no seio da população pobre dessa área, que vive no mais completo abandono, jogada ao deus-dará. Sem a perspectiva de uma melhoria das condições de vida da população, seus filhos vão abandonando o campo e fugindo para outras regiões do país, em busca de emprego e sorte melhor.           






REFERÊNCIAS

CARTAXO, Otacílio - Os caminhos geopolíticos da ribeira do Rio do Peixe, A União, 1964.

CARTAXO, Rosilda - Estrada das Boiadas (Roteiro para São João do Rio do Peixe), 2a-ed.,  Nopigral, João Pessoa, 1975. 





DEPOIMENTOS DE PESSOAS





1. Através de entrevistas 
Dr. José Dantas Pinheiro
Francisco Dantas Pinheiro (Chico Grande)

Misael Fernandes Nogueira
  



2. Através de notas avulsas
Pompílio Marques da Rocha (Agrimensor)
Dr. José Dantas Pinheiro
Francisco Dantas Pinheiro (Chico Pequeno)








 





















Nenhum comentário:

Postar um comentário