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terça-feira, 14 de maio de 2013

AS INCURSÕES DE LAMPIÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE



        
                                                                          Antonio Nogueira da Nóbrega

          Ainda hoje - quase 75 anos depois de sua morte - Lampião é uma figura lendária em torno da qual permanece vivo o interesse popular. Para uns, o rei do cangaço não passou de um bandido cruel e sanguinário; já para outros, foi e continua sendo um grande herói nordestino.
Era então o ano de 1927, quando Lampião, por insistência do cangaceiro Massilon Leite, entendeu de assaltar a cidade de Mossoró, no vizinho Estado do Rio Grande do Norte, traçando seu itinerário por São João do Rio do Peixe, cujo território, na época, compreendia os atuais municípios de Uiraúna (antigo Belém); Triunfo (antiga Picada); Santa Helena (antigo Canto de Feijão) e Poço de José de Moura, entre outros.
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 Até 1953, a área de São João do Rio do Peixe era de 1.479Km2, colocando-se no 15º lugar em relação aos demais municípios paraibanos. Entretanto, com a criação do município de Uiraúna, desmembrado do seu, (Decreto-lei estadual nº 972, de 02/12/1953), São João do Rio do Peixe ficou com a sua superfície reduzida a 915Km2, passando a ocupar o 22° lugar entre os 57 municípios paraibanos então existentes. Posteriormente, com os desmembramentos dos municípios de Santa Helena (Lei nº 2.616, de 12/12/1961), Triunfo (Lei nº 2.637, de 22/12/1961) e Poço de José de Moura (Decreto-lei estadual  nº 5.914, de 29/04/1994), a sua área ficou restrita a 474Km2. Atualmente, o município é composto dos distritos da sede, Pilões, Bandarra, Gravatá  e Umari.  

O rei do cangaço, partindo dos sertões cearenses, deixou seu rastro de sangue, morte e destruição  no município de São João do Rio do Peixe, entrando pelo sítio Formigueiro (hoje pertencente ao município de Santa Helena), onde, por motivos que não se pôde apurar, matou Antônio Belizário. Daí rumou para o sítio Aroeiras (hoje, também, pertencente ao município de Santa Helena), onde fez sua segunda vítima, desta feita, na pessoa de Cícero Rafael. Além dessas duas execuções, o jornal “A União”, edição de 31/05/1927, noticiou outras mortes: Antônio Quaresma, em Canto de Feijão (Santa Helena); Manuel Chiquinho, no sítio Vaquejador; Joaquim Gabriel, no sítio Cabaços (ambos pertencentes ao município de Poço de José de Moura), e Antônio Correia, em Belém (hoje Uiraúna).

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 Por força do Decreto-lei municipal nº 50, de 26 de maio de 1932, confirmado pelo Decreto estadual nº 284, de três de junho do mesmo ano, São João do Rio do Peixe mudou de nome, passou a chamar-se Antenor Navarro, em homenagem ao Interventor Federal desse nome, morto no dia 26/04/1932, num desastre aéreo nas costas da Bahia.   Felizmente, a 05/10/1989, por ocasião da promulgação da nova Constituição do Estado da Paraíba, a povoação, depois de 57 anos, recuperou sua antiga e histórica denominação: São João do Rio do Peixe, graças a uma proposição apresentada pelo deputado estadual, por nosso município, Dr. José Aldemir Meireles de Almeida. Até 1953, São João do Rio do Peixe fazia divisa com os Estados do Ceará (ao oeste) e Rio Grande do Norte (ao norte).
Eis, na íntegra, como A União”, jornal oficial do governo do Estado da Paraíba, edição de 31-05-1927, noticiou o fato:
“Lampião costuma assinalar sua passagem com sangue. São João ainda não tivera a desventura de ser visitado pelo grupo sinistro, e o maldito bandoleiro quis que essa primeira visita fosse de sangue. Foram assassinados Cícero Rafael e Antônio Belizário no Formigueiro, Manuel Chiquinho, no Vaquejador, Antônio Correia em Belém, Antônio Quaresma em Canto do Feijão, Joaquim Gabriel em Cabaços: ainda há noticias de outras mortes sem confirmação. Muitos foram os espancados, os roubos então nem se contam.”

Em seguida, o bando prosseguiu viagem, passando por Poço de Adão, sem se demorar. Pouco mais adiante, assaltou  Maria Nóbrega da Silva, casada com Chico Chofer, cuja residência ficava às margens da estrada de quem vai de Poço de Adão a Pilões. Chico Chofer, ouvindo o tropel das cavalgaduras, meteu-se no mato, mas ainda fora visto pelos cangaceiros, dando motivo a que estes, sob ameaças de morte, exigissem que sua esposa explicasse os reais motivos daquela fuga.   Saqueada a casa de Chico Chofer, o bando segue sua marcha em direção de Pilões. Quando os cangaceiros se perderam na primeira curva do caminho, Maria, atemorizada, pôs sua máquina de costura (de mão) na cabeça, tomou a filha de dois anos nos braços, e afundou o pé no mundo. Antes de chegar a Poço de Adão, deparou com um grupo retardatário que descia na direção de Pilões. Ali parou Maria. Ficou estática!... Os cangaceiros acercam-se dela. Então, um negro corpulento, de aparência amedrontadora, desce de sua montaria, dá alguns passos à frente e saca de uma enorme faca, levando-a até à altura do pescoço da criança. A partir daí, a pobre mulher não viu mais nada. Acometida de um desmaio, foi ela ao chão, caindo a filha para um lado e a máquina para o outro. Alguns momentos depois, dava sinal de vida, e, para surpresa sua, encontrava a filha sã e salva. O cangaceiro havia sacado da arma apenas para cortar um cordão de ouro que a criança conduzia ao pescoço, e não para sangrá-la como entendeu a mãe; daí a causa do desmaio.
            Por volta das 10h do dia 14-05-1927; portanto, há 86 anos, Lampião chega, inesperadamente, a Pilões, município de São João do Rio do Peixe (distante 10 km da sede-municipal), onde se demora por algumas horas, a fim de descansar.
Debaixo de ordem, servindo de guia, trazia consigo Euclides Vieira (cujo corpo banhava-se em sangue) e Zeca Marcelino, aprisionados nos sítios Formigueiro e Aroeiras, onde residiam, respectivamente. À entrada do Povoado, o bando faz alto e os cangaceiros descem de suas montarias cansadas e suadas.
            Ao norte de Pilões, a mais ou menos 250m de distância, passava o “lendário caminho das boiadas”, estrada pela qual trilhavam os cangaceiros e as volantes que vinham dos sertões cearenses em demanda do Estado da Paraíba ou do Rio Grande do Norte. Naqueles anos tenebrosos, o Nordeste ainda era uma região infestada de homens que, brutalizados pelas injustiças sociais, agrupavam-se em torno de um chefe, a fim de se protegerem da ação da polícia. Esta, a serviço da justiça, ou dos poderosos, perseguia-os com toda a fereza. E, assim, acossados pelas volantes, esses homens empunhavam suas armas e riscavam as veredas de nossos sertões, levando o terror às suas populações, e fazendo a lei à sua maneira.
            Ante o olhar assustado daqueles pacatos sertanejos,  o bando errante desfilava pela única ruinha daquele pobre e esquecido lugarejo, indo parar defronte à venda de Joaquim Ribeiro Dias, onde quase só havia pinga para vender. Penetrando na bodega, os cangaceiros se serviram de aguardente, obrigando alguns populares, que ali se encontravam, a fazerem o mesmo. Só que, aos pilõesenses, a bebida era servida numa caneca de flandres, cheinha, derramando-se. Augusto Viana, que nunca tinha bebido antes, só agüentou duas talagadas. No outro dia, ainda sob os efeitos da forte dose de aguardente que havia ingerido, fora encontrado, como morto, estirado ao pé de uma cerca, nos arredores do povoado. Outros homens, mais espertos, percebendo a aproximação do bando, empreenderam uma fuga desesperada, embrenhando-se num roçado de milho maduro que ficava nos fundos da casa, tomando o rumo da localidade conhecida por Passagem Rasa.
            Naquele local, sentado num banco de madeira, encontrava-se, também, Francisco Nóbrega da Silva, cuja idade já passava dos 60 anos. Intimado a beber uma caneca de pinga, recusa-se o ancião a aceitá-la, alegando que não podia fazê-lo, porque se tratava de um homem doente, além do mais, nunca tinha bebido antes. Sentindo-se ofendido, com tamanha desobediência, o cangaceiro manobra seu fuzil e ordena: “Ou bebe, ou morre!...” Severina, que se encontrava na cozinha, cuidando de seus afazeres domésticos, acorre ao local do incidente. Ao deparar com aquela cena tão brutal – seu pai sob a mira de um fuzil engatilhado – põe os dedos nos ouvidos para não ouvir os estampidos da arma, e grita: “Pelo amor de Deus, não mate meu pai!...” Logo em seguida, acometida de uma síncope, cai, de bruços, aos pés do cangaceiro. Lampião, ao ouvir o grito da mulher, trila seu apito, e os cangaceiros acodem ao seu chamado, sem consumarem o crime. Severina, recobrando os sentidos, sente-se aliviada ao ver seu pai são e salvo. Nessa hora, Lampião encontrava-se repousando na casa de João Padre, seu conterrâneo, deitado numa rede de varanda, a relembrar fatos de sua infância na terra natal, enquanto a cabroeira divertia-se bebericando nos botecos do lugar. Aí havia uma moradora chamada simplesmente de Expedita, que era, também, conterrânea do rei do cangaço. Talvez, por esse motivo, ele não tenha causado maiores danos ao  lugarejo. A ponte ferroviária de Pilões ainda guarda marcas de tiros de fuzis.
Em vista disso, Joaquim Ribeiro Dias, o dono da venda, dirige-se a Lampião e, assim, suplica-lhe: “Capitão, eu quero que o senhor garanta minha casa!...” Ao que respondeu o rei do cangaço: “Pelos cabras que estão aqui comigo, eu me responsabilizo, mas, pelos de Sabino, que vêm aí atrás, nada lhe posso garantir!...” É que o bando de Lampião costumava viajar subdividido em grupos menores, e um deles era chefiado por Sabino Gomes, lugar-tenente de Lampião, morto no mês de março de 1928,  depois de ferrenho combate.
            Como uma sentença de morte, essas palavras de Lampião soaram naquele povoado. O medo tomou conta daqueles indefesos sertanejos, que, como tantos outros, perdidos na imensidão deste Nordeste sedento de justiça, debatiam-se numa luta desigual, ora fugindo das secas terríveis, ora dos cangaceiros, ora das volantes, sem saber a quem temer mais.... Essa era, portanto, a segunda vez que Lampião passara por Pilões. A primeira ocorrera no ano anterior, 1926, tendo sido marcada pelo assalto à casa comercial de João Marinho, abastardo comerciante do lugar. Além do prejuízo material causado ao comerciante, os cangaceiros tiveram a ousadia de dançar “Mulher Rendeira” com suas filhas, causando-lhe grande constrangimento. Envergonhado e revoltado com tamanha ofensa moral, João Marinho vendeu todos os seus bens e foi embora para bem longe daqui e nunca mais deu notícia.
Saindo de Pilões, Lampião rumou para o Brejo das Freiras, onde – segundo Antônio José de Sousa, em sua obra “Apanhados Históricos, Geográficos e Genealógicos do GRANDE POMBAL”, página 221 – encontrar-se-ia com Chico Pereira, a quem fizera um convite para reforçar seu grupo e, por conseguinte, participar do assalto a Mossoró.
Assim que os pilõesenses viram-se livres daquela presença ameaçadora, juntaram o que puderam de seus pertences e fugiram para um serrote que se ergue nas cercanias do povoado, onde, durante 18 dias, ficaram refugiados, deixando para trás o lugarejo abandonado, deserto, como uma cidade fantasma. Anália Dantas Pinheiro, a mãe de Chico Grande, que, há pouco mais de dois dias, havia dado à luz uma criança, teve que ser removida, às pressas, para o sopé do serrote, onde estaria mais segura. Levaram-na numa rede, suspensa a uma vara comprida e reforçada, cujas extremidades se apoiavam nos ombros dos carregadores. Enquanto isso, alguns homens ficavam, como sentinelas, vigiando as estradas de acesso ao lugar, a fim prevenir os refugiados contra uma eventual investida dos cangaceiros.

A galope, em direção do Brejo das Freiras, avançam os temerários cavaleiros, atemorizando tudo à sua passagem. Um rebanho de ovelhas que pastava às margens do rio foge assustado com o tropel da cavalaria. Pouco mais adiante, assaltam Mariquinha de Zé Ferreira, cuja residência ficava à margem direita da estrada. Levaram-lhe, entre outros objetos de valor, os brincos e a aliança de casamento, que só saiu do dedo depois que um cangaceiro sacou de sua faca, deu dois passos à frente e vociferou: “Velha, se essa aliança não sair já-já, eu levo com dedo e tudo!...”
            Por volta das 14h, Lampião chega ao Brejo das Freiras, onde se demora por uma hora, tempo durante o qual aguardaria a chegada de Chico Pereira, que não compareceu.  Ali, na época, situava-se a sede de uma grande fazenda de criação de gado, de propriedade das freiras do Convento da Glória, de Recife, Pernambuco. Era um casarão muito antigo, de taipa, que cedeu lugar ao hotel daquela estância termal, construído no ano de 1944. Nas suas proximidades, ficava um grande e bem trabalhado curral de pau-a-pique, cuja construção remontava aos meados do século XIX.
            Às primeiras notícias da aproximação do bando, Salatiel Pontes, o gerente da fazenda, foge para Sousa, deixando-a entregue à mercê dos cangaceiros. Estes, apoderando-se de tudo e de todos, dilapidam-na, enchendo seus bornais de queijo e rapadura. O que sobrou desses produtos foi picado e servido aos seus animais de monta. E, como se isso não bastasse, atiravam queijos para o alto, aparando-os na ponta de seus enormes punhais. Depois, como uma maneira de se divertirem, obrigaram um popular, que ali se encontrava, cujo nome não se sabe ao certo, mas parece ter sido Chico de Lucinda, a montar a cavalo em animais não domesticados, causando-lhes grandes risadas quando o animal pulava com o seu infeliz domador.
            Chico Pereira, apesar de propenso a aceitar o convite de Lampião, acaba desistindo de tal ideia, graças aos repetidos conselhos de amigos e protetores seus. Lampião, sem poder contar com o substancial apoio do colega, resolve retornar ao Ceará, para reforçar seu bando, cujo número de integrantes (35 cangaceiros) era insuficiente para assaltar uma cidade do porte de Mossoró. Então, resolve retornar por outro caminho para não bater de frente com alguma volante que estivesse em seu encalço. Às 15h, o bando levanta acampamento, tomando a direção norte. Por volta das 15h20min, chega ao Vaquejador. Nesse sítio, localizado à margem esquerda da estrada de acesso a Belém (hoje Uiraúna), situava-se a residência do Sr. Manuel Francisco de Assis, conhecido, no meio da intimidade, por Manuel Chiquinho. Ali, estabelecera-se ele em 1902, construindo casa de residência, currais de gado e roçado de plantações. Com muito trabalho e esforço, conseguira fazer alguma fortuna. Era ele casado com Maria Augusta Fernandes, consórcio do qual nasceram, entre outros filhos, Senhorzinho, Viriato e Nozinho, que, naquele dia de triste memória, encontravam-se campeando o gado.
            Nesse ínterim, Severino, o filho caçula do casal, retornava de Pilões correndo, ofegante e esbaforido, trazendo um recado de Odilon Nogueira – segundo o qual – Lampião seguia naquela direção. Tomada de pavor, com tão estarrecedora notícia, D. Maria Augusta convida o esposo para abandonarem a casa. Mas, este, alegando que nada tinha a temer, visto que não devia a ninguém, não aceita as ponderações da esposa. Diante da recusa do esposo, Maria Augusta ordena que os filhos, Severino e Nicodina, fugissem o mais rápido possível, no que foi prontamente obedecida. Mal os dois filhos acabavam de encobrir-se no matagal, Manuel Chiquinho chama pela esposa: “Maria, aí vêm chegando uns cavaleiros, mas não sei se são soldados ou cangaceiros!...” Como é sabido, com poucas exceções, os trajes das volantes e dos cangaceiros eram semelhantes, daí a razão da dúvida do fazendeiro.
            Os desconhecidos cavaleiros acercam-se do casarão, desmontam-se rapidamente de suas cavalgaduras e investem contra o indefeso fazendeiro, ameaçando-o de morte caso não lhes desse todo o seu dinheiro. Entretanto, Manuel Chiquinho, apesar das ameaças e torturas a que fora submetido, recusou-se a atender as exigências de seus algozes, alegando que não dispunha de dinheiro nenhum. Estes, no entanto, depois de aplicarem-lhe mais uma sessão de torturas, atiram-no para um lado e metem-se de casa adentro, vasculhando todos os aposentos, mas não encontram nada, a não ser uma porção de moedas guardadas em latas, que são atiradas e espalhadas pelo meio da casa. Indignados, com tamanho insucesso, os cangaceiros voltam-se, mais furiosos, contra sua pobre vítima que, àquela altura dos acontecimentos, já se encontrava sentado no batente de uma janela. Ali mesmo, depois de receber mais algumas agressões físicas, foi alvejado pelos bandidos, caindo, para o lado de fora, sobre uma grande roseira. Os estampidos dos disparos de mosquetões ecoaram pelas quebradas afora, fazendo o povo tremer de medo.
            Morto o fazendeiro, os assaltantes, com toda a fereza, atiram-se contra sua esposa. Um cangaceiro agarra seu braço direito, e o outro, o esquerdo. E, ameaçando-a de morte, exigem que ela lhes entregue todo o dinheiro. Percebendo que poderia ter o mesmo destino do esposo, D. Maria Augusta abre o jogo e passa-lhes toda a grana: 14.000$00 mil réis, quantia essa bastante elevada, na época. No entanto, segundo Senhorzinho, esse dinheiro não pertencia a seu pai, e sim a outro fazendeiro da vizinhança, que, ao vender sua última safra de algodão e temendo ser roubado, pedira a Manuel Chiquinho que o guardasse em sua residência, onde, provavelmente, estariam mais seguras todas as suas economias.
            De posse do dinheiro, os bandidos foram embora, retomando a direção norte. Mas, antes de abandonarem o local, levaram consigo alguns animais de monta que pastavam num roçado ao lado da casa. Momentos depois, dois cavaleiros chegavam ao local, encontrando aquela pobre senhora em pranto, a apanhar o sangue do esposo que jazia no chão, sem vida. Um deles, provavelmente, Lampião, aproxima-se dela e tenta desculpar-se: “Se eu tivesse chegado a tempo, não teria permitido que fizessem uma coisa dessas! Levassem o dinheiro, mas poupassem-lhe a vida!...” Disse isso, deu de rédeas e prosseguiu viagem.
Estampidos de disparos de arma de fogo, vindos das bandas do Vaquejador, foram ouvidos também pelos refugiados de Pilões, mas não sabiam de que se tratava. Triste e sombria caiu a tarde do dia 14-05-1927. A noite, com seu manto escuro e pesado, envolveu o serrote de Pilões. Ao relento, dormiram quase todos os pilõesenses, pois o único abrigo que existia naquele serrote era uma casinha de taipa, que mal dava para abrigar uma família. Cercados de pavor, eles conseguiram atravessar aquela noite de agonia. Com o sol do dia seguinte, chegava a infausta notícia: “Lampião matou Manuel Chiquinho!!!” -  gritou alguém lá da estrada, deixando todo mundo em polvorosa.
Como um vendaval, as notícias desses fatos sacodem a velha São João do Rio do Peixe, criando um clima de apreensão e terror não só na sede, mas também no resto do município, cujos habitantes fogem espavoridos. Homens, mulheres, velhos e crianças, com trouxas de roupa na cabeça, abandonam suas casas e ganham a caatinga. Muitos deles, por falta de tempo, fogem apenas com a roupa do corpo. Dentro dos matos, feitos bichos assustados, abrigam-se eles sob a fronde de juazeiros, oiticicas e moitas de mofumbo, em cujos galhos armam suas redes. Ali mesmo, em panelas de barro, apoiadas sobre trempes de pedras, cozinham seus alimentos.  Hoje, passados 86 anos, alguns desses fogões improvisados ainda podem ser vistos, no serrote de Pilões, principal lugar de refúgio dos habitantes daquele povoado na era lampeônica.
Em meio a essas terríveis notícias, os fazendeiros mais abastados, temendo por sua fortuna ou pela honra das filhas, fogem para a vila, onde levantam casas de morada e passam a residir. Por isso – segundo os mais velhos – São João do Rio do Peixe deve um pouco de seu crescimento urbano a Lampião.

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            Como se recorda, até fins de 1926, a sede desse município não passava de uma vilota perdida nestes confins de sertão, a qual se espremia entre o rio e o mato. Eram quatro ruinhas apenas: a do rio, ao sul; a atual Djalma Dutra, ao norte; a atual José Guerra Dantas, a leste; e, a oeste, a que fica em linha paralela à Praça da Matriz (antiga rua da cadeia). Estas, entre si, formavam um grande largo, o qual, tempos depois, com a construção do Mercado Público e ruas adjacentes, deu origem ao Quadro da Matriz (hoje Praça da Matriz). Subindo um pouco em direção ao norte, havia somente umas quatro construções, entre elas, a estação ferroviária, construída em 1925. Na Rua do Cruzeiro (hoje Irinéia Dantas Rocha), havia algumas casas esparsas. No local onde hoje se ergue a capela de São Francisco, ficava o Cemitério Jerusalém, que, posteriormente, foi removido para o local atual. No resto, tudo era mato. Portanto, somente a partir das incursões lampeônicas, por estas paragens, é que, em ritmo mais acelerado, a mata foi cedendo lugar à povoação, e outras ruas foram surgindo da noite para o dia. E, assim, a vila foi-se enchendo de casas e de gente.

Ante o temor de um possível ataque de Lampião a São João do Rio do Peixe, cujo destacamento policial era insuficiente para repelir o temível bando, dezenas de civis, empunhando armas, entrincheiram-se em torno da vila, dispostos a defendê-la a qualquer custo. Assim foi a 27-07-1924, quando Chico Pereira, à frente de 84 cangaceiros - dos quais uns 40 pertencentes ao grupo de Lampião - invadiu a vizinha cidade de Sousa. Assim, seria, também, no dia 06-08-1930, quando um grupo de jagunços (do Cel. José Pereira), de regresso das fronteiras norte-rio-grandenses, chegou às portas da vila, mas, tomando conhecimento da defesa que aqui se organizou, preferiu cortar caminho a enfrentá-la.
            A nota triste desse dia (06-08-1930) ficou por conta do Tenente Renovato. Como se recorda, esse oficial da Polícia Militar do Estado da Paraíba, sem a menor explicação, sacou de seu revólver e alvejou, pelas costas, Aproniano Pereira Dantas (irmão de Francisco Pereira Dantas, mais conhecido por Chico Pereira), que, a convite de amigos seus, aqui residentes, viera reforçar a defesa local. Não resistindo à gravidade dos ferimentos, Aproniano morria, horas depois, na residência do Sr. Luiz Bernardo de Albuquerque.           
Do sítio Vaquejador, o bando ruma para Belém. A galope, pela estrada poeirenta, avança a cavalaria maldita. O vento morno bate no rosto dos cavaleiros. Uma grossa nuvem de poeira vai subindo lentamente. Roçados de milho, fazendas saqueadas, casebres abandonados, de portas batidas, tudo isso vai ficando para trás.
            Cantando e gritando, atirando e matando, surrando e aprisionando, saqueando e incendiando, assim, o bando sinistro vai cobrindo de sangue, fogo e terror o município da velha São João do Rio do Peixe. Homens e bichos, tudo foge espavorido à sua passagem.
            No sítio Caiçara, realizava-se, na ocasião, uma vaquejada. Ali, no pátio da fazenda, encontrava-se reunida toda a vaqueirama da redondeza, participando daquele animado rodeio nordestino. Dois vaqueiros, percebendo a aproximação do bando, fogem montados em seus cavalos, numa carreira desenfreada, até chegar a Belém, a fim de prevenir seus habitantes sobre qualquer eventualidade. A população toma-se de medo e pavor. Rapidamente, sob o comando de Nélson Furtado Leite, subdelegado da povoação, organiza-se a defesa da terra comum, que é transformada numa verdadeira praça de guerra. (Relato de José Augusto Fernandes, conhecido como Senhorzinho do Vaquejador).
            Ao cair da tarde, o bando risca às portas de Belém, travando violento tiroteio com a sua heroica defesa, composta de apenas 11 homens,  e a fuzilaria ensurdecedora faz o povoado estremecer. Então, fecha-se o tempo na bala, e o pânico toma conta do lugar. Momentos depois, por medida de economia de munição, Lampião resolve suspender a luta. Foi a salvação de Belém, pois a munição de seus defensores estava nas últimas. Um popular morto, paredes cravejadas de balas e depósitos de algodão incendiados, foi esse o saldo desse ataque lampeônico. O bando pernoita nos arredores do povoado.
 Ao quebrar da barra do dia seguinte (15), o bando arriba, tomando a direção oeste, passando por Barra do Juá (hoje município de Triunfo-PB). Nesse povoado, que não ofereceu qualquer resistência, saqueia algumas residências, fazendo uma vítima fatal, na pessoa de um popular, cujo nome não se pôde apurar. Além disso, incendiou depósitos de algodão e saqueou o comércio local. Aí, segundo algumas pessoas, só foram poupados os parentes do Padre Sá. A população, dominada pelo pavor, foge para a vila de São João do Rio do Peixe.
            Enquanto isso, apesar do medo de morte que dominava São João do Rio do Peixe, uma grande multidão aglomerava-se na residência de Manuel Chiquinho. Eram parentes e amigos que foram levar as suas condolências à família enlutada, bem assim participar dos funerais do amigo tragado pela ferocidade do cangaço.
            Contudo, Manuel Chiquinho seria sepultado no Cemitério Público de Belém (hoje Uiraúna). Mas, em face do desenrolar dos últimos acontecimentos, ali ninguém poderia entrar ou sair sem a devida permissão dos membros da resistência, que ainda continuavam em estado de alerta contra qualquer eventualidade que viesse afetar os moradores. Muito cedo, Osório Nogueira, desloca-se, a cavalo, até aquele povoado a fim de obter autorização para que ali o cortejo fúnebre pudesse penetrar.
            Por volta das 8h, um cavaleiro risca no terreiro da fazenda. Era o emissário que acabava de retornar de Belém, dando conta de que a permissão, para que o corpo  de Manuel Chiquinho, ali, recebesse sepultura, havia sido concedida. Rapidamente, os que iriam tomar parte no cortejo escancharam-se nas suas montarias, com exceção dos que, de início, conduziriam, aos ombros, a rede fúnebre, cujo revezamento, com os demais companheiros, dar-se-ia no decorrer da viagem – o que ainda é muito comum no sertão.
            Quando o cortejo dava sinal de partida, aparece, no local, uma volante de mais de 50 praças, à frente da qual se encontravam o Tenente João Costa, Clementino Quelé, Manuel Gonçalves (das Almas) e Chico Nitão. Estes, sob a alegação de que iriam seguir no encalço de Lampião, apoderam-se de todos os animais de monta que ali se encontravam estacionados, cujos donos tiveram que  fazer o trajeto a pé de ida e volta. O curioso é que os comandantes dessa volante, apesar de saberem que Lampião já se encontrava na Barra do Juá, rumam para Belém. Daí deduz-se que eles tinham medo enfrentar o rei do cangaço, razão pela qual sempre chegavam aos locais de combates com um ou dois dias de atraso.
            Deixando o povoado de Barra do Juá, Lampião ruma para os sertões cearenses, onde acampa por algum tempo. Os dias vão-se passando. Os boatos de que Lampião vem ali ou acolá já são menos freqüentes. Os fugitivos, refeitos do primeiro susto, vão retornando às suas residências. É começo de junho, tudo volta à normalidade. Vinte e cinco dias já haviam se passado, sem o registro de qualquer fato importante que viesse quebrar a rotina dos são-joanenses. O nome de Lampião já não causava tanto pavor. Mas, essa paz aparente não iria durar por muito tempo, porque estava com os dias contados. Pois, enquanto se imaginava que Lampião, acossado pelas volantes, estivesse bem distante daqui, este continuava nos sertões cearenses, bem pertinho de nossas fronteiras, recrutando cangaceiros, adquirindo armas e munições, e arquitetando seus planos de assalto a Mossoró.
            No dia 09-06-1927, numa tarde de sol a pino, Lampião, depois de reforçar seu bando, passa por Pilões, sem se demorar, indo descansar em Luís Gomes, Rio Grande do Norte. Antes, porém, atacou o povoado de Canto do Feijão (hoje Santa Helena), onde matou Raimundo Luiz do Nascimento, um dos fundadores do lugar. Tomada de surpresa, São João do Rio do Peixe se alvoroça. O mesmo corre-corre de antes!... As famílias, assustadas, fogem para o mato ou para a vila, em torno da qual, levantam-se, às pressas, as trincheiras e organiza-se a resistência. Nessa hora, José Gonçalves Dantas, conhecido como Zé Grande, voltava de seu roçado, por uma vereda, em companhia de alguns trabalhadores de eito. Ao desembocar na estrada de acesso à localidade conhecida por Passagem Rasa, deparou com o bando que vinha a poucos metros de distância. Sem perda de tempo, Zé Grande atirou-se ao chão, dentro de um capão de mata-pasto, sobre um formigueiro, no que foi imitado por seus companheiros. Coberto de formiga preta, sem gemer e sem se mexer, ele suportou as inúmeras picadas daqueles insetos, até passar o 26º par de cangaceiros, que troteavam em fila dupla, de costado.

Depois de atravessar São João do Peixe, Lampião chega a Luís Gomes, RN, no mesmo dia (9), onde fez seu primeiro pernoite em terras norte-rio-grandenses. No dia seguinte, logo cedo, levanta acampamento e prossegue viagem. Percorridas 35 léguas, a galope puxado (em cujo percurso assaltou dezenas de fazendas e localidades), Lampião chega a Mossoró, precisamente às 16h do dia 13 de junho, travando violento tiroteio com a sua defesa, composta de mais de 200 homens bem armados e bem protegidos.
            Todavia, nesse meio tempo, o sigilo sobre o assalto já havia sido quebrado, e as notícias, rapidamente, espalharam-se pelos sertões, chegando aos ouvidos do Sr. Antonio José de Sousa, residente em Pombal, PB, segundo o qual, levou-as ao conhecimento do então presidente do Estado da Paraíba, que, por sua vez, comunicou-as ao seu colega norte-rio-grandense, a quem coube tomar as devidas providências; surpresa essa com a qual não contava Lampião. (Ver SOUSA, Antônio José de. “Apanhados Históricos, Geográficos e Genealógicos do GRANDE POMBAL”, pág. 221).
            Em dado momento da luta ferrenha, Colchete, ao tentar assaltar uma das trincheiras espalhadas pelos principais pontos estratégicos da cidade, recebeu um tiro, à queima roupa. Jararaca, arrastando-se pelo chão, tenta retirar as armas do colega morto, mas recebe um certeiro tiro no peito, dado por um dos defensores postados na torre da igreja. Retrocede e recebe outro tiro na perna, mas, com vida, consegue sair da cidade, refugiando-se na casa de um desconhecido a quem pediu auxílio, e por este foi denunciado à polícia.
            Cheia de lances dramáticos, a luta, que só terminou por volta das 18h30, deixou o saldo seguinte: um soldado ferido e uma mulher morta, de susto (da parte dos defensores); um cangaceiro morto, no local, e dez feridos (do lado dos atacantes), entre os quais Jararaca, que foi capturado pela polícia, no dia seguinte, numa casa nos arredores da cidade, onde se homiziara. ”. (Ver Lampião, seu tempo e seu reinado, vol. III, pág.  225 , obra de Frederico Bezerra Maciel).

            Por volta das 23h do dia 18-06, Jararaca era    retirado da prisão e algemado. Colocado num automóvel da polícia, foi levado para fora da cidade, e não para Natal, como lhe disseram os policiais na hora da partida. Ali, numa cova rasa, ao lado da de Colchete, foi enterrado vivo, sem o menor respeito aos princípios de humanidade. Entretanto, esta era uma prática muito comum, sobretudo aqui no Nordeste, quando ainda imperava a lei de talião: “Olho por olho, dente por dente”. (Ver: Lampião, seu tempo e seu reinado, vol. III, pág.  230, obra de Frederico Bezerra Maciel).
            Decepcionado, por não ter conseguido assaltar Mossoró, Lampião bate-se em retirada para o Ceará, onde se refugia por alguns dias, período durante o qual travou quase uma dezena de violentos combates com as forças conjugadas de quatro Estados, cujo número de integrantes somava mais de trezentas praças bem armadas.  Acossado pelas volantes de quatro Estados, Lampião, depois de ziguezaguear pelos sertões cearenses, paraibanos e norte-rio-grandenses, e furar vários cercos, retira-se para Pernambuco, e, daí, para outras paragens, terminando, assim, suas incursões pelo território de São João do Rio do Peixe.
No dia 16/06/1927, ocorreu um fato triste e lamentável, que chocou toda a comunidade são-joanense, além de deixá-la em polvorosa. Enquanto o delegado da cidade, sargento José Faustino, assistia à missa na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário (que ficava a poucos metros da Cadeia Pública), Laurindo Tavares de Oliveira e Antônio Tavares de Oliveira, irmão e cunhado de Vicente Tavares de Oliveira, respectivamente, assassinado por um homem que se encontrava preso (cujo nome não se pôde apurar) entenderam de vingar a morte do parente. Aproveitando-se da ausência do delegado e da polícia, invadiram a cadeia e atiram no preso, ferindo-o gravemente. Ouvindo os estampidos dos tiros, o delegado correu para o local para ver o que estava acontecendo. Adentrando a cadeia, deparou com a cena. Tentou impedir a ação dos atiradores, chamando-os à atenção, mas não foi atendido. Então, o sargento sacou de uma mauser, mas a arma engasgou e não disparou um só tiro. Então, os dois homens atiraram contra ele e o mataram.

Pensando que se tratasse de um ataque do bando de Lampião, a população entrou em  pânico, generalizando-se a confusão. Houve gritos e correria de todos os lados. A defesa da cidade, formada por dezenas de civis e militares, entrou em estado de alerta máximo. Em meio à confusão, José de Lavras, membro da resistência, foi atingindo por uma bala perdida e morreu na hora. (Ver “A União”, jornal oficial do governo do Estado da Paraíba, edição de 31-05-1927).

 Os criminosos foram capturados, mas, dias depois, quando eram transferidos para a cidade de Patos-PB, onde deveriam cumprir sua pena, foram executados no meio do caminho.  (Relato de Otávio Tavares de Oliveira, conhecido como Otávio Marchante, irmão de Vicente Tavares de Oliveira).

Lampião encontrou a morte na madrugada de 28-07-1938, no próprio esconderijo, na Grota do Angico,  Estado de Sergipe, onde ele e seus companheiros estavam reunidos, há poucos dias, a fim de tratar de um assunto, cujo conteúdo jamais será esclarecido. Colhido de surpresa, o bando foi dizimado em pouco tempo, mal tendo tempo de esboçar uma pequena reação. Além de Virgulino, tombaram mortos dez cangaceiros, inclusive Maria Bonita, sua companheira, e um soldado da polícia; saindo ferido, entre outros, o Ten. João Bezerra, comandante da força volante que estava no encalço do bando desde algum tempo.
            Após a refrega, os cangaceiros foram degolados, e suas cabeças foram levadas pela polícia e apresentadas ao povo, como um valioso troféu de guerra, nos lugares por onde passava o cortejo macabro. Assim, terminou o reinado de Lampião.
Concluindo, afirmamos que, durante o seu reinado,  Lampião passou três vezes pelo território de São João do Rio do Peixe, mas nunca atacou a sua sede-municipal.


























REFERÊNCIAS


MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado.  Editora Vozes Ltda – 1985. Volumes I, II, III.

ARAUJO, Antonio Amaury Corrêa de. Assim morreu Lampião. Editora Brasília / Rio – 1976.

SOUSA, Antônio José de. “Apanhados Históricos, Geográficos e Genealógicos do GRANDE POMBAL”, página 221. Pombal – 1971.

GADELHA, José de Abrantes. Sangue, Terra e Pó. Impressão Gráfica: A União Editora. 
Sousa-PB – Agosto de 1983.

NÓBREGA, P. Pereira. Vingança, Não. 2ª edição – 1961.

SOUZA, Anildomá Willans de. Nas Pegadas de Lampião. Impressão Gráfica: Esdras Graphic – 2004.

Depoimentos de Pessoas

José Nogueira Pinheiro
Ana Nóbrega da Silva (Doninha)
Severino Dantas Pinheiro (Severino Nogueira)
Francisco Dantas Pinheiro (Chico Grande)
José Augusto Fernandes (Senhorzinho do Vaquejador)
Francisco Dantas Pinheiro (Chico Pequeno)
Francisco Saturnino de Sousa (Chico Beato)


As imagens das volantes, Lampião e seu bando, aqui postadas, foram coletadas da Internet.


Há um ditado do povo - segundo o qual - "um raio nunca cai duas vezes no memo lugar"; mas cai, sim, pois em Pilões já caiu três vezes. (Raio foi empregado aqui com o significado  de desgraça, é claro).

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