Iniciada em
1923 e inaugurada dois anos depois, 1925, data que se vê no alto do frontal, a
velha Estação Ferroviária serviu de
ponto de embarque e desembarque não só de mercadoria, mas também de viajantes,
até o ano de 1983, quando o último trem de passageiro trafegou por estas
bandas.
No ano de 1963, a então
“Rede Viação Cearense” resolveu aposentar as antigas locomotivas, a vapor, que
eram apelidadas de “Maria-Fumaça”, substituindo-as por máquinas modernas, movidas
a diesel.

O primeiro
trem chegou a São João do Rio do Peixe no dia 1º/06/1922, procedente do Estado
do Ceará. Tratava-se, pois, de um lastro que transportava material para a
construção da Ferrovia. Nesse mesmo ano, foi construída a ponte ferroviária. No
ano seguinte, dia 5 de agosto, ele chega a Cajazeiras, sendo recebido com
aplausos e muito discurso. Já a primeira viagem (no sertão paraibano), feita
através de um trem de passageiro, ocorreu a 05/08/1923, entre São João do rio do
Peixe e Praiano-CE.

O trajeto da Ferrovia
“Rede Viação Cearense”, por São João do Rio do Peixe, foi uma conquista do Padre
Sá, pois teve de lutar contra a pretensão das autoridades de Cajazeiras que o
reivindicavam para o seu município, mas conseguiram apenas um ramal, que foi extinto
em 1964. Assim, no dia 09/07/1921, era iniciada a construção do trecho
compreendido entre Pilões e a sede do município, sob os aplausos dos presentes
e os discursos do Dr. Jorge Rodrigues Ferreira, engenheiro responsável pela
obra, e do Padre Sá. A animação da festa ficou a cargo da Banda Sertaneja, sob
a batuta do maestro Francisco Ribeiro.


Nos tempos
áureos das velhas “Marias-Fumaça”, a plataforma da estação ficava apinhada de
gente. Durante muito tempo, foi ela ponto de encontro da cidade, pois para lá
acorriam crianças, jovens e velhos, a fim de assistirem à passagem do trem. Ali, vendia-se de
tudo: café fumegante, passado na hora; água de quartinha, servida em copo de
alumínio, cachorro-quente; pirulito;
tapioca; bolo; cocada, entre outras coisas. Quem, daquela época, não se lembra
da banca de café de Maria de Candinha, entre outras? Em dias assim, as
pessoas dirigiam-se à Praça Padre Joaquim Cirilo de Sá logo cedo e ficavam sentadas
nos seus bancos, sob a sombra acolhedora dos robustos fícus benjamins, esperando
a chegada do trem. Dia de trem constituía-se um dos maiores divertimentos da
cidade, e os jovens faziam desses encontros uma verdadeira festa. Aos sábados,
o “Bacurau” (como era chamado o trem que
fazia a linha São João do Rio do Peixe- Cajazeiras), levava e trazia mercadorias
e passageiros, mas isso só durou de 1923 até o ano de 1964, quando foi desativado por tornar-se
deficitário.

Por força do Decreto nº 22.917, de
03 de abril de 2002, publicado no Diário Oficial do dia seguinte, foi aprovada
a deliberação nº 0127/2001/CONPEC. Essa deliberação, tomada na sessão de 08 de novembro de 2001, fixou
os limites do Centro Histórico da cidade de São João do Rio do Peixe,
propostos
pela Diretoria do IPHAEP, cujo relator foi o Conselheiro Umbelino Peregrino de
Albuquerque.
Em seu
parecer, o representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) reconheceu a importância do Centro Histórico de São João do
Rio do Peixe, “evidenciada pela expressiva tipologia das edificações
representativas da dinâmica da cidade na passagem do século XIX para o XX, pelo
estado praticamente íntegro das edificações e traçado urbano, pelas qualidades
histórica e artística dos monumentos e do casario que estão dentro do limite
sugerido para a proteção.”
Por isso, hoje
esse prédio faz parte do Patrimônio Histórico do município. Além de ter sido
tombado, ele integra a relação dos imóveis protegidos isoladamente. Dizem que, em breve, ele vai sediar a Biblioteca Municipal Rosilda Cartaxo e o Museu
Municipal (a ser criado), pois já foi cedido ao município.
.
Rede ferroviária foi por muito tempo de grande valia para a população saojoanense! Parabéns pelo site Antonio Nogueira!
ResponderExcluirPelo trem do passado chegavam as notícias... Enésio Vieira co-parente de dona Orcina explorava os serviços de restaurante do trem que fazia a linha para Fortaleza, vendia jornais. As notícias já não eram recentes, mas mesmo assim “eram novas” para quem estava em Antenor Navarro. Depois passou a vender a Revista O Cruzeiro. Da primeira vez apenas como experiência trouxe apenas uma revista e entregou a Nertran para vendê-la. Na segunda viagem, deixou duas... Com o passar dos dias a venda de O Cruzeiro aumentou.
ResponderExcluirO trem era a diversão da época. A estação ficava lotada de pessoas para ver o trem chegar e partir. Isso desde os tempos da Maria Fumaça.
Lembro-me das vezes que viajei de trem para Cajazeiras, Patos onde fui estudar no Colégio Diocesano e das inúmeras vezes que fui a Fortaleza. O trem saia de madrugada de Antenor Navarro e chegava tarde da noite em Fortaleza. Na minha memória está gravado ainda o barulho das rodas caminhando sobre os trilos. Tinha os carros de primeira e de segunda. Os de primeira os bancos eram acolchoados, já os de segunda eram de madeira ripada. As passagens eram confeccionadas num papelão duro e durante a viagem o “cobrador” perfurava com equipamento próprio cada uma destas que ficava em poder dos próprios passageiros.
Nos carros de segunda geralmente viajavam as pessoas mais pobres, já nos de primeira para os que tinham condições de pagar a passagem mais cara. E era justamente a estes carros que se encontrava engatado o carro-restaurante.
O trem era assim formado: a máquina, depois os carros-bagageiros, o carro-restaurante, os de primeira classe e por último, os de segunda classe.
Quem não tinha dinheiro suficiente para comer no carro-restaurante, no percurso da estrada de ferro, nas estações, sempre ofereciam pratos-feitos a preços baratos. Mas o comer era de péssima qualidade, tinha mais colorau do que arroz e feijão...
Em Antenor Navarro no dia de sábado pela manhã, na praça da estação, as pessoas ficavam sentadas nos robustos bancos de cimento (será quem fez aqueles bancos imaginava que eles iam ser utilizados por séculos seguidos?) a espera de o trem chegar. Tinha os afoitos que mesmo não indo viajar se amocegavam no trem até perto da casa de Deuzinho de onde saltavam do trem em movimento com maestria que somente eles que estavam habituados sabiam fazer. Era um espetáculo à parte na divertida viagem de trem que seguia para a feira de Cajazeiras.
E o trem da feira de Cajazeiras nunca mais voltou depois que exterminaram o seu caminho de aço – os trilhos.
Luiz Carlos S Gomes
Luiz Carlos, que belo relato, poderia eu publicar no meu livro NOS TRILHOS DA MEMÓRIA?
ExcluirFazendo uma correção na minha memória:
ResponderExcluir"...durante a viagem o “cobrador” perfurava com equipamento próprio cada uma destas que ficava em poder dos próprios passageiros".
Correção:
O cobrador perfurava as passagens e ficava em seu poder.
Aguardem o livro Nos Trilhos da Memória, de minha autoria. Sou filho, neto e sobrinho de ferroviários. Josélio Carneiro, jornalista e escritor, de João Pessoa. Gostaria de falar com os responsáveis por este blog. meu email joseliocarneiro@gmail.com
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