Francisco Nóbrega da Silva
Antonio Nogueira da Nóbrega
Nascido em Santa Luzia, Paraíba,
e falecido no distrito de Pilões, município de São João do Rio do Peixe,
também, do mesmo Estado, Francisco
Nóbrega da Silva era filho de José
Francisco da Silva e Isabel da Conceição.
Isso é o que consta da certidão de nascimento de sua filha Isabel César
Nóbrega, conhecida como Sidônia. Ele era irmão de Manuel Francisco da Nóbrega,
tratado, no meio da intimidade, por Tio Manuel, pai de Mariinha, casada com
José Nóbrega da Silva, seu primo, consórcio do qual nasceu Joanito, o único
filho do casal. Ao que se sabe, ambos
os irmãos foram criados por um tio, conhecido apenas por Dr. José da Nóbrega,
dando a entender que eram órfãos de pai e mãe. Ainda jovem Francisco deixou a
terra natal e foi fixar residência em Misericórdia (hoje Itaporanga), onde exerceu
o ofício de tropeiro, fazendo o transporte de algodão e fumo para Mossoró, RN,
passando por Pombal, e dali trazendo sal para abastecer os mercados da região
do Piancó. Numas de suas viagens a Mossoró, conheceu Joaquina de Jesus dos
Santos, aquela que seria mais tarde a sua esposa. Ela vivia na companhia dos
pais, no sítio Laje, município de Pombal. Desse primeiro encontro, nasceu o amor,
e, pouco tempo depois, o casamento. De início, seu pai não aprovou o namoro. Mas,
para superar esse obstáculo, os namorados descobriram um meio que lhes permita
trocarem correspondências sem que ninguém soubesse. Pois, nas proximidades da Fazenda
Laje, havia uma furna de onça. Aí, Francisco deixava uma carta para Joaquina
quando ia a Mossoró. Ela, por sua vez, ia àquele local, previamente combinado,
e retirava a missiva deixada por seu namorado, e, ao mesmo tempo, colocava a sua,
que era retirada quando ele regressava de Mossoró. E, assim, continuou a velha furna a servir de agência
postal àquele casal apaixonado.
Tempos depois,
ele solicitou ao Padre Valeriano Pereira de Sousa, de quem era amigo particular,
que pedisse a mão de Joaquina em casamento. O padre aceita a incumbência, pois não
poderia faltar a um grande amigo. Num belo dia, de data incerta, o Vigário
resolve desincumbisse de sua missão, deslocando-se à fazenda do pai de
Joaquina, onde o encontrou em companhia de Joaquina Maria da Conceição, sua
esposa.
- Boa tarde,
compadre! – exclamou o Padre Valeriano, antes de desmontar do cavalo.
- Boa tarde, seu vigário! – respondeu Antônio Severo. Mas, o que o traz
a essas paragens? - Indagou o pai da moça, um tanto admirado.
- Compadre, você sabe que aquilo que não se dá, a gente rouba, não é
verdade?!
- Não estou
entendo, seu Padre – disse Antônio Severo, meio apreensivo.
- Não se preocupe que vou já lhe esclarecer tudo. Pois bem! É que fui
incumbido, por Francisco Nóbrega da Silva, de pedir a mão de sua filha Joaquina
em casamento.
Dadas as devidas explicações, o
pai da moça terminou aceitando o pedido.
Monsenhor Valeriano Pereira de Sousa nasceu em Misericórdia, Estado da
Paraíba, aos 02/02/1865, e faleceu a 27/05/1961, na cidade de Pombal, no mesmo Estado, onde foi Vigário
de 27/09/1893 (data de sua posse), até seu falecimento, ocorrido a
27/05/1861. Ordenou-se, em Olinda, na Igreja Boa Vista, a 15/08/1892.
Após o casamento, ela passou a chamar-se Joaquina Nóbrega da Silva, e
foi residir em Misericórdia na companhia do esposo. Desse consórcio, nasceram
os filhos seguintes (todos já falecidos):
José Nóbrega da Silva, casado com
Mariinha;
João Nóbrega da Silva (Joãozinho),
casado com Chiquinha;
Isabel Cézar Nóbrega (Sidônia);
Maria, casada com Chico Chofer;
Ana Nóbrega da Silva (Doninha), casada
com José Nogueira Pinheiro;
Osenina, casada com José Mercês.
Severina, casada com Joaquim Ribeiro
Dias.
Durante muito tempo ainda, Francisco continuou no seu ofício de
tropeiro, levando produtos da terra para Mossoró, e, de lá, trazendo sal. É
certo que, por volta da primeira década do século XX, já era possuidor de
uma grande fazenda, onde se dedicava à criação e ao cultivo de vários produtos,
entre os quais, a cana-de-açúcar e algodão. Assim, passou a beneficiar esses
produtos, comprando, também, a safra da redondeza para atender à capacidade produtiva
de sua indústria rural.
Até o ano de 1913, tudo vinha funcionando a contento. O engenho
continuava a moer cana para o fabrico de rapadura, enquanto o velho vapor
descaroçava o algodão da última safra. Era um fervilhar de gente, estrada acima
estrada abaixo. Carros de bois e tropas de burros enchiam as veredas,
transportando algodão, cana e rapadura. Mas, por volta de 1914, vende a fazenda
e vai embora do lugar. Segundo Ana Nóbrega da Silva, sua filha, essa decisão,
apressada, teria sido motivada pela investida que um de seus vizinhos vinha
empreendendo às suas canas. Então, para evitar um mal maior, é que tomou essa
atitude um tanto precipitada, que, pelo resto da vida, causou-lhe grandes
dissabores.
Ele era da opinião de que é melhor ser prejudicado do que prejudicar os outros.
E, por esse e outros motivos, aquele sonho de comprar uma nova fazenda ia,
pouco a pouco, sendo adiado. Afinal, tudo se desfez. O sonho não se
concretizou. Os dias foram-se passando e, com eles, vieram as primeiras
dificuldades de ordem financeira. Assim, as esperanças de uma “terra prometida”
desvaneceram por completo. Em vista disso, José, seu cunhado, convidou-o para
ir morar em terras de sua propriedade, no município de Misericórdia. Aceita o
convite, pois, na situação em que se encontrava, aquela oportunidade seria,
talvez, a sua única tábua de salvação, apesar de ir morar de favor. Dias depois, em fins de 1914, empreende viagem de regresso
a Misericórdia, onde, mais uma vez, ia tentar reorganizar suas finanças, então
reduzidas a quase nada. Só que, agora, teria que começar tudo do nada. Assim
voltava ele a cavar a terra e semear, tudo como alguns anos atrás, quando
trocava a tropa de burros pela enxada. Mas, agora, tudo era diferente: a idade
já um pouco avançada, a prole crescida, e o pior de tudo: as terras não eram
suas. Ele que, um dia, fora senhor de engenho, passava à ínfima condição de
morador, o que seria para ele um dos piores martírios. Isso lhe custara muitas
noites de sono. Por outro lado, teria que enfrentar, de cara, a grande seca de
1915, que se avizinhava com sua cara carrancuda.
Por Alguns anos a fio, cavara a terra e semeara, enquanto sua esposa,
lá na cidade, trabalhava dia e noite, ao veio de uma máquina de costura de mão, a fim de
completar aquela tão minguada renda familiar. Francisco trabalha de sol a sol,
mas a fortuna não lhe sorria, como da outra vez, lá na Fazenda Pitombeira.
Agora tudo era diferente, difícil. Por fim, abandona a fazenda do cunhado, por
volta de 1921, e vai para São Gonçalo, município de Sousa, atraído pela oferta
de emprego gerado pelas obras de construção de um grande açude. José, um de seus
filhos, através de Dr. Otávio Mariz, consegue um emprego num posto de saúde. Enquanto isso, sua mãe, dia e noite, ao
veio da velha máquina de costura de mão, não dava conta das inúmeras encomendas. No
mesmo ano de 1921, tiveram início as obras de construção do açude de Pilões.
Por essa razão, José fora transferido para aquele lugarejo, levando consigo
seus pais e seus irmãos. Daí em diante, sua vida tornara-se um vaivém, só vivia
de arribada, não se fixava em lugar nenhum. Em 1923, vai morar em Cajazeiras,
onde ficou durante os primeiros meses de 1924. Nessa época, por ocasião do
carnaval, Chico Pereira (o cangaceiro) hospedara-se em sua residência. Pois
eram conhecidos de São Gonçalo, onde se tornaram grandes amigos. Depois, por
falecimento de sua esposa, regressa a Pilões, dedicando-se, a partir de em tão,
à agricultura, até 1925 quando vai para Luís Gomes, RN. Chegando lá, arrenda
uma fazenda, com um engenho, dedicando-se, durante dois anos, ao fabrico de
rapadura e de aguardente. Em 1926, Ana, uma de suas filhas, casara-se com José
Nogueira Pinheiro, natural de São João do Rio do Peixe. Em 1927, mais uma vez,
regressa a Pilões, onde se dedica à agricultura e ao abate de ovinos e caprinos
para vender no lugar. Nessa época, Massilon Leite foge de casa, em Luiz Gomes, RN, para
ingressar no cangaço, deixando sua montaria na casa de Francisco Nóbrega, em
Pilões, para que este a devolvesse a seus pais, pois havia, entre eles, um grau
de parentesco.
Nesse distrito, Francisco Nóbrega da Silva permaneceu até o fim de seus
dias terrenos, ocorrido por volta de 1944.
Dados colhidos de Ana Nóbrega da Silva.
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