SENHOR
ALEXANDRE,
um pouco de sua vida e de sua obra
Antonio Nogueira da Nóbrega
Nascido a 16/11/1894, no
Sítio Araçás, município de São João do Rio do Peixe, José Alexandre Filho,
conhecido como Senhor Alexandre, era o terceiro dos treze
filhos do casal José Alexandre Ribeiro Dias e Ana Maria de Abreu.
Na fazenda que o viu nascer, passou a
infância e a juventude, ao lado dos pais, ajudando-os no cultivo da terra e no
criatório. Naqueles anos recuados, quando o transporte era feito em lombo de
burro, Senhor Alexandre, com seu pai,
trilhava as veredas sertanejas, levando algodão para Mossoró-RN, e de lá
trazendo sal para as praças de Sousa e Cajazeiras. Incluíam-se, também, no
traçado das andanças desse velho tropeiro, os municípios de Milagres, Mauriti,
Missão Velha e Barbalha, no Ceará, de onde trazia rapadura e farinha para
abastecer o comércio da ribeira do rio do Peixe.
Aos 27 anos de idade, já havia conseguido
a sua independência econômica, estabelecendo-se no ramo de secos e molhados. Casou-se,
em primeiras núpcias, com Maria Tavares do Rosário, mas essa união durou pouco
tempo e não deixou filhos. Tempos
depois, transferiu sua casa comercial para o distrito de Pilões, deste município,
e, depois, para a Fazenda da Serra (hoje Icozinho-CE), retornando, em seguida,
àquele distrito. Depois da
separação, consorciou-se com Maria do Carmo Cavalcanti. Dessa união, nasceram
seis filhos: Antônia, Eduardo, José, Francisco, Francisca e Carlos, conhecido
como Jesus. Usando de sua amizade pessoal e prestígio junto ao Dr. José Américo
de Almeida, então Ministro da Aviação e Obras Públicas, lutou pela construção
do açude de Pilões, cuja inauguração ocorreu no ano de 1933.
Iniciou sua vida pública elegendo-se
vereador pela antiga UDN. Mais tarde, ingressou no antigo PL, legenda pela qual
foi eleito prefeito municipal de São João do Rio do Peixe, no ano de 1951, para
cumprir um mandato de quatro anos, que
terminou a 30-11-1955.
Apesar de ser um homem de poucas
letras, possuía grande tirocínio administrativo. Dentre as obras que
marcaram a sua profícua administração, destacam-se: a construção de grupos
escolares, em várias localidades do município; construção da sede própria da Prefeitura
Municipal e da Câmara de Vereadores; reforma da Praça Padre Joaquim Cirilo de
Sá, com aposição do busto do homenageado; colocação, na Praça da Matriz, dos
bustos de Getúlio Vargas e João Pessoa, presidentes da República e do Estado,
respectivamente; reforma e ampliação da Biblioteca Pública Municipal Padre José
Dantas, com enriquecimento do seu acervo; reforma do Cemitério Público Nossa
Senhora da Consolação, implantando a
sua iluminação; manutenção da
difusora do município (serviço de
alto-falante); criação da Banda de
Música e compra dos respectivos instrumentos e acessórios; reforma do prédio do
Mercado Público; delimitação da cidade com cerca de arame farpado, colocando
cancelas e mata-burros nas estradas, para evitar o livre trânsito de animais
pelo perímetro urbano; emplacamento dos prédios da sede-municipal; início do
calçamento da sede do município; implantação do abastecimento d’água da cidade,
um dos primeiros de todo o Estado da Paraíba; adquiriu um conjunto elétrico,
com suas respectivas redes de distribuição de energia, para iluminação da
cidade; adquiriu um motor-bomba para a irrigação; implantação de um pomar
defronte do Cemitério Público da sede, que foi abandonado pelos administradores
subseqüentes; aberturas da Travessa D. Pedro II, por trás da Rua Djalma Dutra;
abertura da estrada de Barra do Juá a Serra do Padre (hoje município de
Triunfo), o que custou, na época, grande soma de recursos aos cofres
municipais, com o objetivo de facilitar o escoamento da produção agrícola
daquela região, um dos principais celeiros do município. Não se esquecia da
conservação das estradas já existentes, pois sempre as mantinha em boas
condições de tráfego, apesar de o território navarrense contar, na época, com
1479 Km2, abrangendo os atuais municípios de Uiraúna, Triunfo e Santa Helena,
Poço Dantas, Bernardino Batista, Joca Claudino e Poço de José de Moura. Além disso, mantinha, em dia, todos os
compromissos da municipalidade, não obstante os parcos recursos municipais. Em
1963, tentou pela segunda vez, voltar ao governo municipal, pela legenda do PL,
mas não logrou êxito. (Dados colhidos de Lourival Ribeiro da Nóbrega).
Em 20/01/1975, morre a sua
companheira Maria do Carmo Cavalcanti. Em 1976, quando contava com a idade de
82, contraiu matrimônio com Maria Priscila Pereira, cerimônia oficializada pela
Igreja Brasileira, no dia 22 de março do mesmo ano. Desse consórcio, nasceu Ana Pereira Alexandre (Santana),
filha única, cujo nome foi uma homenagem à avó paterna.
A 07/05/89, aos 95 anos de idade, Senhor
Alexandre, cercado do carinho de sua esposa, filhos, netos e bisnetos, deixou o
nosso convívio, mas levando consigo a certeza do dever cumprido.
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