Páginas

domingo, 25 de março de 2012

A IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, um pouco de sua história






A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, símbolo de fé e devoção do povo católico de São João do Rio do Peixe, é imponente em sua beleza arquitetônica. Ela teve origem na fundação do povoado, em fins do século XVIII, mas o prédio atual data de 1863.
Um fato interessante ocorreu quando da escolha do local para a construção da nova capela. Segundo Antônio Ribeiro Dias (já falecido), dois irmãos, membros da família Dantas, reivindicavam para si a preferência pelo local onde deveria ser construído o novo templo. Cada um que quisesse construi-lo mais perto de sua casa. Assim,  os dois irmãos brigavam pelo local: um, morador no lugar chamado “Fazenda Velha”, que fica nas proximidades da atual cidade de São João do Rio do Peixe, queria que ele fosse construído neste lugar, em terras de sua fazenda; outro, que residia na atual fazenda Santo Antônio, desejava que fosse perto de sua residência. E, dessa maneira, a pendenga vinha-se arrastando por muito tempo, sem qualquer perspectiva de solução.  Com o objetivo de resolver o impasse e acabar com as brigas, veio uma comissão de João Pessoa, mas não conseguiu demover os irmãos do seu intento.  Como não houvesse acordo, a comissão resolveu medir a distância existente entre as sedes das duas fazendas, que foi de mil braças, determinando que a obra fosse construída no meio do caminho, entre as duas residências, e, assim, foi feito. Por causa dessa intransigência, é que a cidade ficou bastante prejudicada, pois teve de ser construída na parte baixa, ficando sujeita às enchentes do rio do Peixe.
A construção do templo teve início no século XIX, quando o Padre José Gonçalves Dantas, doador do terreno-patrimônio (1855), chamou a si a tarefa de construir um novo templo, igualmente dedicado à invocação de Nossa Senhora do Rosário, em substituição à antiga capelinha tosca, de taipa, na qual fora batizado, no dia 08/09/1800, o Padre Inácio de Sousa Rolim, o fundador da cidade de Cajazeiras.
Construída por José Amador Evangelista e Mestre Vitório, a obra só foi concluída em 1863, culminando com a criação da Freguesia de Nossa do Rosário, por força da Lei Provincial nº 96, de 28 de novembro do mesmo ano. Pela mesma lei, a nova capela recebeu os foros de Igreja Matriz, privilégio que conserva até os dias de hoje.
Sua fachada é majestosa. Duas torres altas, com janelas grandes, acenam para os céus. Encimando as torres, estão os indicadores dos ventos. E, em cada uma das torres, havia quatro jarros de cantaria que contemplavam os céus.
No frontal, contornado de volutas, encontra-se gravada a data de 1863, que indica o ano da conclusão da obra. No alto do frontão, ergue-se uma cruz de madeira.
            As três portas de entrada são originais. Destacam-se pelas almofadas salientes, entalhadas na própria madeira. A porta central é ricamente ornamentada por arabescos de grande valor artístico.
            O campanário é simples e pesado; ostenta alguns arabescos, e abriga o sino, chamado Félix, que já anunciou tantas solenidades.
No lado direito da igreja, abrem-se duas portas e nove janelas; no esquerdo, uma porta e sete janelas. Acima das portas e janelas, há dezesseis óculos coloniais, sendo oito de cada lado.
O interior da Igreja, apesar de ter passado por diversas reformas, não perdeu de todo o seu valor artístico e histórico. A nave central é composta de dois altares laterais, com suas respectivas imagens; o secular batistério e o tradicional coro. O batistério, com a pia batismal, talhada em pedra portuguesa, e a porta de 1866, trabalhada em madeira de lei, são duas obras dignas de admiração. Aí, no batistério, encontra-se a imagem de São João Batista. A igreja não conserva mais o forro de madeira.
A capela-mor, que abriga o altar principal e as tribunas, fica recuada e não ostenta mais a grade da comunhão, que foi retirada, em anos recentes, não se sabe por quê. No centro do altar-mor, há um magnífico nicho adornado por colunas decoradas com cachos de uvas, que guarda a venerável imagem de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira da cidade, com riquíssima pintura em ouro e policromia, formando um lindo cenário celestial. Aos pés da Virgem do Rosário, três cabeças de anjos; no braço esquerdo, o Menino Jesus; no direito, o rosário. Sobre a sua cabeça, caprichosa coroa de ouro, do século XVIII, da mesma época da imagem. Ladeando a padroeira, que foi doada pelos fundadores da cidade, há mais ou menos duzentos anos, ficam as imagens de São Pedro e de Santo Antônio. Acima do nicho, impõe-se uma custódia dourada, destinada à exposição do Santíssimo Sacramento. Nos corredores laterais, encontram-se a capela do Santíssimo e seis altares, com as suas respectivas imagens.
            Outrora, os altares eram nichos encravados nas paredes, ostentando imagens de madeira, verdadeiras obras de arte que desapareceram por ocasião das constantes reformas, perdendo, portanto, as características de seu estilo original.
            Era costume, em tempos idos, serem os nobres e fidalgos sepultados em igrejas. Dentre as diversas sepulturas existentes no piso e nas paredes do templo, destacam-se os túmulos de Pe. Antônio Fernandes de Queiroga, falecido a 20/10/1997, e sepultado no dia 2 do mesmo mês e ano, no piso do corredor, aos pés do altar de Santa Terezinha; a do Côn. Manuel Jácome de Araújo, falecido, na cidade de João Pessoa, no dia 22/12/1980. Seu corpo, a pedido seu, foi sepultado na entrada da igreja, no lado interior da porta principal, para que as pessoas pisassem sobre ele, quando entrassem no templo, visto que ele já se sentia um tanto esquecido pelos seus paroquianos, nos seus últimos anos de existência. Assim, quem sabe, talvez se lembrassem dele. Numa das paredes laterais da capela-mor, encontra-se a sepultura de outro sacerdote: o Pe. Joaquim Cirilo de Sá, falecido a 13/11/1941, e sepultado no dia seguinte ao de sua morte.
             O cruzeiro de madeira, com pedestal de alvenaria, construído em 1899 e inaugurado a 01/01/1900, defronte à igreja, para comemorar a chegada do século XX, foi demolido por volta de 1931, mas reconstruído no ano de 2008.
A foto (acima) foi encontrada numa cidade do Estado do Ceará, por Beatriz Lins,  e, por seu intermédio, foi trazida para São João do Rio do Peixe, para ser inserida no documentário “São João Ontem e Hoje”, produzido por José Formiga, Antonio Nogueira da Nóbrega e Luiz Formiga de Vasconcelos, no ano de 1993. No verso dessa foto, havia os seguintes dizeres:

                  “Recordações de minha terra natal, que guardo como saudosa                                   
                    memória, saudades do dia 31/12/1924.                                                          
                                          
São João do Rio do Peixe,
Parayba do Norte

Antônio Augusto de Sá.”







































Referência:


CARTAXO, Rosilda. Estrada das Boiadas, roteiro para São João do Rio do Peixe. João Pessoa: Noprigal, 1975.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário